domingo, 5 de julho de 2020

ARREBATADO

Crônica 
Leiam esse testemunho de um cara que foi arrebatado e falou diretamente com Jesus. É meio comprido, mas vale a pena.
Queridos irmãos
A paz, do senhor.
Nestes dias, Deus tem falado muito forte comigo. Tenho buscado ele em jejuns e oração, e o que tenho para lhes contar é algo que me tocou profundamente e eu gostaria de compartilhar com vocês. 
Em minhas orações, eu queria entender o que se passava em nosso meio Cristão, vocês sabem... A confusão dos diabos que reina. As loucuras denominacionais, a exploração da fé... e em meio a muitas lágrimas passei longas madrugadas orando e clamando, até que numa dessas madrugadas eu me vi só em meu quarto e uma luz muito forte tomou conta de todo ambiente. No momento seguinte, me vi arrebatado até uma praia deserta, tipo Quatro Ilhas em Santa Catarina, (nos anos 80) onde havia algumas pedras. 
Ali, sentado, eu vi o mestre se aproximar. Reconheci de cara. Aqueles olhos azuis inconfundíveis.  Caminhava descalço sobre a areia.  O manto branco que trazia sobre o dorso, deixava aparecer um pouco da calça Jeans rasgada e desbotada. Me lembrou um pouco o Sawyer de LOST.
Ele se aproximou e sentou-se ao meu lado, colocou a cabeça entre as mãos, um tanto deprimido. 
Depois de um bom tempo calado ele falou.
“Desculpa eu ser sincero, mas tua oração me tocou. 
Faz dois mil anos que eu fui embora e nunca ninguém me pergunta nada. Ficam lendo a porra da bíblia, o que o fulano falou e beltrano falou que eu falei e ninguém tem a coragem de me perguntar na cara.”
Surpreso, olhei para ele e ele me retribuindo o olhar disse: “Fica frio que eu sei que tu não é fariseu fica aí de boas e me ouve.
Na verdade, nem sei por onde começar, pois é tanta merda que andam fazendo no meu nome que eu já estou de saco cheio. 
Eu ando no maior constrangimento com esse povo pedindo dinheiro no meu nome. Quem pedia dinheiro na minha época era o filho-da-puta do Judas que era um safado ladrão e traidor, pior que o Lula. Eu nunca pedi um puto tostão. Quem pedia era o meu velho, para satisfazer sua tara por ouro prata e ostentação, aí os caras vem com bíblia pra cima das ovelhas burras e dizem que é para mim. 
Cara, na boa, juro que nunca recebi um centavo. Eles gastam tudo para erguer seus impérios de poder e dominação e eu nem uso dinheiro pra nada. 
Dizem que é para fazer a obra, mas que porra de obra é essa que eu não mandei? Mandei os desgraçados amarem ao próximo e não cavalgarem o próximo como costumam fazer.  Nunca mandei erigir nenhum templo justamente pra livrar eles do jugo dos sacerdotes e da lei dos judeus e eles trouxeram todo esse entulho pra dentro do cristianismo. Não tem nenhum que não cobre o dízimo. Cara é pacabá, desculpe a linguagem, mas nem o judeu gasta dinheiro com templo e esses safados estão impondo maldições sobre os coitados, queimando meu filme e arrastando multidões para o velho engano do diabo, que promete tudo dar aos que prostrados o adoram.
Tem outra coisa que me deixa puto da cara é a idiotice desse povo. Eles acreditam em qualquer coisa. Eu nunca mandei ninguém escrever nada e não escrevi nada justamente pra evitar que surgisse algum espertalhão querendo interpretar o que eu escrevi, mas não adiantou bosta nenhuma. Foi eu virar as costas e começaram a escrever.”
Aí eu não aguentei e perguntei, mas Senhor, se não fosse pelos santos Apóstolos como saberíamos de você? Como poderíamos salvar a humanidade sem os escritos?  Nesse momento eu já estava meio abusado devido à intimidade que ele me estava confiando.
Ele não falou nada. Ficou vermelho, levantou-se, começou a respirar fundo tentando se acalmar e ao fim soltou o verbo:
“Salvar a humanidade? Algum desgraçado desses vai me ajudar a salvar a humanidade? Tão me tirando pra coitado? Acreditaram na doutrina da sanguinolência, que o velho precisa de sangue inocente pra pagar pecados, mas ainda acham que tem alguma obra a ser feita? 
Acreditaram num cabra safado, o principal dos pecadores, fariseu de fariseus, mestre na arte da confusão e perito em acusação. O cara disse que eu lhe apareci, que viu uma luz, que caiu na terra. Olha pra minha cara, e me diz se eu ia contratar um cara desses pra me representar e falar por mim. Vê se eu ia botar um mestre na arte da enrolação pra sistematizar uma nova religião!  Te juro que ainda vou processar esse cara.
Outra coisa! Tu acha que eu ia autorizar qualquer pé rapado falar em meu nome e fazer coisas em meu nome? Que eu ia permitir que os espertalhões e articulados mestres da lei falassem e fizessem coisas no meu nome?
Pirou da cabeça? Não, meu caro, jamais faria isso. Se alguém disse que eu falei, o desgraçado mentiu.  Aí, o resultado disso é essa merda que está aí. Pode ter certeza que eu jamais faria uma barbaridade dessas.
A essa altura, ele já estava ficando puto comigo, de maneira que timidamente arrisquei outra pergunta:
Tá, mas quando tu voltar tu vai matar todos esses infiéis e o sangue deles vai correr até as canelas dos cavalos?
Aí ele perdeu a paciência: Pegou numa vara e partiu pra cima de mim na porrada: “puta que o pariu, mas o que fizeram contigo? Lavaram teu cérebro com merda? Ah vai se fuder! E eu perdendo meu tempo aqui contigo!”
Então virando-se, desapareceu.
Quando dei por mim,  estava em Cidreira, RS. Um frio desgraçado, um vento de arrepiar. Tive que pegar um busão de volta que parou em todas as quebradas que havia, levando seis horas por causa de um engarrafamento na Bento.

Nenhum comentário: